UM LEGADO E UMA HOMENAGEM
Marcha das Margaridas

Nós, Margaridas, somos muitas em uma: mulheres da classe trabalhadora, mulheres rurais, urbanas, jovens, negras, lésbicas, trans, agricultoras familiares, camponesas, indígenas, quilombolas, assentadas, acampadas, sem-terra, assalariadas rurais, extrativistas, quebradeiras de coco, catadoras de mangaba, apanhadoras de flores, ribeirinhas, pescadoras, marisqueiras, coletoras, caiçaras, faxinalenses, sertanejas, vazanteiras, retireiras, caatingueiras, criadoras em fundos de pasto, raizeiras, benzedeiras, geraizeiras,entre tantas outras.

Exploradas e marginalizadas ao longo da história, habitamos os mais diversos territórios que, por sua vez, abrigam diferentes biomas, mosaicos de vida e diversidade. Nós fazemos a agricultura familiar e camponesa! Produzimos alimentos saudáveis. Promovemos a segurança alimentar e a preservação das sementes crioulas, dos ecossistemas e da nossa sociobiodiversidade. Somos guardiãs dos saberes populares que herdamos de nossa ancestralidade! Em MARCHA, tecemos nossas experiências de vida e de resistência, unindo muitas bandeiras de luta em um só movimento.
Quem foi Margarida Alves?

Margarida Maria Alves (Alagoa Grande, PB, 5 de agosto de 1933 — Alagoa Grande, PB, 12 de agosto de 1983) foi uma sindicalista e defensora dos direitos humanos brasileira, e teu nome é hoje um símbolo da luta pela igualdade de direitos para as mulheres do campo através da Marcha das Margaridas, que assim é chamada por homenagear essa mulher aguerrida da Paraíba. Margarida foi também uma das primeiras mulheres a exercer um cargo de direção sindical no país.

Caçula de nove irmãos e natural da periferia paraibana, Margarida Alves teve na história de sua própria família a experiência de ser expulsa de suas terras por latifundiários, episódio que vivenciou ainda na infância.Durante o período em que esteve à frente do sindicato local de sua cidade, foi responsável por mais de cem ações trabalhistas na justiça do trabalho regional, tendo sido a primeira mulher a lutar pelos direitos trabalhistas no estado da Paraíba durante a ditadura militar.




Entre as lutas travadas pela sindicalista estão a busca pela contratação com carteira assinada, o pagamento do décimo terceiro salário, o direito das trabalhadoras e dos trabalhadores de cultivar suas terras, a educação para seus filhos e filhas e o fim do trabalho infantil no corte de cana. A atividade era marcante na região, em especial pela existência da Usina Tanques — a maior do estado da Paraíba naquela época.

Em função de sua luta por direitos, não tardou para que começassem as intimidações à atuação combativa de Margarida. Os próprios trabalhadores contavam para a líder sobre as ameaças que ouviam de seus patrões e feitores. Porém, a resistência de Margarida não superou a tirania dos latifundiários. A vida de uma das primeiras líderes sindicais do país foi cruelmente encerrada por matadores de aluguel a mando de fazendeiros da região de Alagoa Grande. Margarida foi brutalmente assassinada em 12 de agosto de 1983, aos 50 anos, na porta de sua casa, na frente do único filho e do marido.






O crime teve grande repercussão nacional e internacional, chegou a ser denunciado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Dois anos depois de sua morte, o Ministério Público denunciou três pessoas que poderiam estar associadas ao crime, e, em 1995, o Ministério Público realizou uma nova acusação de outros fazendeiros como mandantes do assassinato, no entanto, esse crime político nunca foi resolvido.

O crime segue impune, mas seu legado permanece vivo. A cada quatro anos, a luta de Margarida Maria Alves mobiliza milhares de mulheres das cinco regiões do país rumo à Marcha das Margaridas, que leva e revive seu nome e sua memória. Eles não sabiam que Margarida era semente.




É essa a história da Mulher que nos inspira, e é por causa dela, Margarida Alves que a Marcha das Margaridas que já vem se realizando há vários anos e que a gente vai completar 23 anos em 2023.


Acervo Margarida Alves


Depoimento de Margarida Maria
Alves ao filme Uma questão de
terra (1988)


Discurso de Margarida Maria
Alves no Dia do Trabalho, em 1º
de maio de 1983

Fundação Margarida Maria Alves


Museu Casa de Margarida Alves



Nos Caminhos De Margarida - TV
CONTAG


Discurso de Margarida Alves -
Perfomance Luz Bárbara

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